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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Carnaval de São Paulo 2017 | Análise de Samba: Dragões da Real



“Dragões canta Asa Branca”


Compositores: Thiago SP, Turko, Leo, R. Malva, Rodrigo Atração, Renne Campos, Alemão da Ilha, Paulinho Miranda e Tigrão
Interprete: Renê Sobral




Vem forrozear
Que o sanfoneiro vai tocar
Meu samba em forma de oração
Eu sou Dragões
É Asa Branca embalando gerações

De tanto oiá o sol queima a terra
Feito fogueira de São João
Puxei o fole, embalado me inspirei
O aperreado coração aliviei
De joelhos para o pai, pedi
Com os olhos marejados, senti
Tanta tristeza brotar desse chão rachado
Perdi meu gado, farta água pra danar
Eita seca que castiga meu lugar

Vou me embora seguir meu destino
Sou nordestino arretado, sim senhô
E na bagagem trago o sonho de vencer
Oh Rosinha, sem ocê não sei viver

Ê saudade que invade o meu coração
Das cantigas, folclore, cultura
Dos temperos que lembram meu chão
Espero no céu, o relampejar
A chuva cair, o pranto secar
Seus olhos hão de refletir
O renascer da plantação
Não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Pro meu sertão


Análise do Samba

Passamos alguns anos acostumados a ouvir aos sambas da Dragões da Real na voz do Daniel Collête que esteve na escola desde que chegou ao grupo especial em 2012. Para quem acompanha carnaval de São Paulo houve muitas mudanças de integrantes e uma que mexeu muito foi essa troca do interprete oficial que estava "tatuado" em nossos ouvidos a voz de Collête e quem está no seu lugar é nada mais do que Renê Sobral que é um dos mais aclamados da cidade de São Paulo, inclusive é o grande favorito entre os sambistas por causa da sua voz de potência única e uma boa dicção nas notas.

Em 2017 a escola cantará "Asa Branca", famosa música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga e o grande desafio da Dragões da Real era encontrar um samba que modificasse a letra original e colocar outras palavras, mas sem fugir do contexto da canção. Era um desafio que eu mesmo estava esperando muito e ao ler a sinopse verifiquei o quanto foi inteligente a descrição, ou seja, seria menos complicado desvincular a canção que dá origem ao enredo, basta o compositor ter o dom e saber usar as duas pontes que era "Asa Branca" de Gonzaga e a "Asa Branca" da Dragões.

Deu certo? Sim. Temos então uma letra bem composta e o time de compositores foi grande, sendo no total nove, porém a letra em si não dei nota dez por conta das estrofes que ainda acho que não chegou a perfeição que foram os refrões, como se eu tivesse descontado 0,05, ou seja, muito pouco.

A melodia do samba é riquíssima e criativa. Ao ouvirmos a bateria do Mestre Tornado também é possível ouvir a sanfona que caracteriza bem o enredo e a letra do samba e sinceramente não vejo problema na inclusão de instrumentos diferentes, mas desde que encaixe bem que foi o caso deste samba.

Dando voz ao samba como disse no começo do texto, temos como interprete Renê Sobral que estou aos poucos acostumando com ele na Dragões da Real. Obviamente Renê mais uma vez foi muito bem, soube dar vida, significado e identidade a cada palavra, verso, refrão e estrofe do samba.



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